domingo, 28 de agosto de 2016

Ciclo das Trevas - A Lança do Deserto



O sol está se pondo sobre a humanidade. A noite agora pertence aos demônios vorazes, que se alimentam de uma população cada vez menor, obrigada a se esconder atrás de símbolos esquecidos de poder. As lendas falam de um Salvador: um general que certa vez reuniu toda a humanidade e derrotou os demônios. Mas seria o retorno do Salvador apenas mais um mito?
Ahmann Jadir é o líder das tribos reunidas do deserto. Sua lança e sua coroa ancestrais são os argumentos de que precisa para proclamar a si mesmo Shar’Dama Ka, o Salvador. Os habitantes do norte discordam. Para eles, o Salvador não é outro senão o Arlen Bales, Protegido.Houve um tempo em que Shar’Dama Ka e o Protegido eram amigos. Agora são adversários violentos e cruéis. Mesmo que antigas lealdades sejam colocadas à prova e novas alianças sejam criadas, a humanidade ainda não tem consciência do aparecimento de uma nova espécie de demônio, mais inteligente e mortal que todos os que existiam até então.


No primeiro livro do Ciclo das Trevas, O Protegido, somos apresentados a três protagonistas desde as suas respectivas infâncias até a idade adulta. Arlen, Leesha e Rojer formam a espinha dorsal da história interagindo com os outros personagens, entre eles, Ahmann Jardir, o Sharum Ka de Krasia.

A Lança do Deserto começa contando justamente a infância e a evolução de Jardir, desde o seu treinamento para se tornar dal’Sharum até chegar à liderança dos guerreiros em Krasia e, por fim, sua ascensão ao posto de Sha Darma Ka, o Salvador. Esses fatos foram-nos presentados na visão de Arlen em 'O Protegido', mas vê-los sob uma nova perspectiva, nos ajuda a entender muitas das escolhas e ações de Jardir. A partir do momento que foi retirado do seu convívio familiar para treinar para lutar contra os demônios como um guerreiro, vemos que a sua vida não foi nada fácil e que ele teve que passar por poucas e boas até ser respeitado por toda a Krasia. Essa parte também é interessante porque conhecemos a sua principal esposa, Inevera, que terá muita importância no decorrer da série, além de entendermos melhor a relação entre Jardir e o khaffit Abban, ao qual foi com ele para o treinamento na mesma época.

No entanto, não é só Jardir que tem a sua vida contada em 'A Lança do Deserto', Renna, a garota que fora prometida a Arlen durante a sua infância, também reaparece, e acompanhamos a sua trajetória cheia de drama até seu desfecho. Enquanto isso, o povo da Clareira do Lenhador, agora conhecida como Clareira do Salvador, continua a se recuperar da batalha que enfrentaram no final do volume anterior. Com a orientação de Arlen e sob a liderança de Leesha, os habitantes do vilarejo se organizam e treinam na arte de matar terraítas, enquanto Rojer tenta ensinar a sua arte de hipnotizá-los com a sua rabeca (arpa). A ideia de Arlen é disseminar as proteções mágicas de combate para que todos possam derrotar os demônios por si mesmos.

Nesse meio tempo, seguindo as profecias do seu antepassado Kaji, o antigo Salvador de Krasia, que derrotou os demônios no passado, Jardir inicia o seu plano para conquistar todas as outras cidades e vilarejos e convertê-los em guerreiros na luta contra os terraítas. Essa empreitada irá aproxima-lo ainda mais de Arlen, mas também envolverá Rojer e, principalmente, Leesha. Em 'A Lança do Deserto' também descobrimos mais dos segredos das Profundas, assim como uma nova variedade de demônios, os verdadeiros líderes dos terraítas, que irão tornar as missões dos dois candidatos a Salvador ainda mais difíceis.

O segundo livro, primeiramente é bem diferente do primeiro, pois são histórias diferentes, mas que o desfecho é totalmente surpreendente, pois ele amplia a trama do Ciclo das Trevas de forma magnífica. As ações dos nossos protagonistas não passam muito tempo despercebidas pelas autoridades e governantes das Cidades Livres e as intrigas palacianas já começam a ter uma papel mais forte na história. Outro motivo que me leva a afirmar isso é o próprio Arlen, um dos meus personagens favoritos de todos os tempos, mas, desde que se tornou a figura solitária do Protegido, tenho tido dificuldades em me conectar com ele ( o que acho que era a ideia do autor). No entanto, em 'A Lança do Deserto', vemos muitas vezes Arlen retornar ao seu antigo eu, principalmente em contato com o seu passado.
A sociedade e cultura de Krasia descrita com mais detalhes também merece um destaque especial. Ela é muito rica e interessante e, segundo o autor, tem inspirações de Esparta, Japão medieval e de países do Oriente Médio. Ainda assim, acredito que o grande diferencial do trabalho de Peter V. Brett, nesse livro, tenha sido recontar uma parte da história de O Protegido sob uma nova ótica e ter conseguido nos fazer entender as ações de Jardir. Se você, assim como eu, terminou o livro anterior  xingando-o de, no mínimo, traidor, prepare-se para se ver torcendo por ele em A Lança do Deserto. 

No próximo livro da série, The Daylight War (ainda sem tradução confirmada no Brasil), conheceremos a fundo a vida de Inevera, a esposa de Jardir. Mal posso esperar para entender as suas ações controversas através dos seus próprios olhos.

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